Antoine Court de Gébelin
Antoine Court de Gébelin (1719-1784) nasceu em Nimes, na França, foi pastor Protestante e um dos principais responsáveis pela interpretação do Tarô como um depositário egípcio da sabedoria esotérica universal. Filho de um dos pioneiros da restauração protestante na França, Court de Gébelin é uma figura típica do Iluminismo Europeu.
Foi ordenado pastor protestante em 1754 antes de deixar a Suíça, defendendo a liberdade de pensamento proposta pelo Iluminismo. Viveu então em Lausanne até 1763, quando se mudou para Paris. Ali se afiliou a uma sociedade secreta que mantinha conexões com a ordem para-maçônica chamada Order of the Knights of the Star (Ordem dos Cavaleiros da Estrela), dedicada a restaurar o Protestantismo na França.
Court de Gébelin foi um dos grandes protagonistas da Maçonaria parisiense. Em 1777, a Loja Mãe (Mother Lodge) do Rito Filosófico Escocês elogiou seus ensinamentos a respeito “das mais confiáveis alegorias contidas nos graus da Maçonaria”. Seus trabalhos foram utilizados em 1784 para o 31º e 33º Graus do Rito Escocês e Aceito.
A partir de 1778, tornou-se membro da Loja Les Amis Reunis (Os Amigos Reunidos). Era ainda membro da Loja de São João da Escócia e, segundo biografia publicada na Enciclopédia de Franco Maçonaria por Robert Amadou, do Elus Coens, e mantinha correspondências com Jean-Baptiste Willermoz e Louis-Claude de Saint-Martin.
Contudo, sua participação mais distinta foi na Loja das Nove Irmãs, entre 1778 e 1781, onde atuou como membro destacado, secretário e segundo supervisor. Foi ali onde Court de Gébelin, defensor da Independência Norte-Americana, recepcionou Benjamin Franklin como irmão.
Court de Gébelin foi um dos mais famosos pacientes de Franz Anton Mesmer. Era tão entusiasta das práticas de Mesmer que se tornou um de seus mais poderosos divulgadores. Além de apresentar ao Rei um documento intitulado Carta sobre o Magnetismo, filiou-se à Societe de l’Harmonie Universelle (Sociedade da Harmonia Universal), fundada para fornecer suporte ao trabalho de Mesmer.
No entanto, a fatalidade se abateu sobre ambos, terapeuta e paciente. Quis o destino que Court de Gébelin viesse a falecer durante uma sessão terapêutica com Mesmer, o que não só acabou com sua vida, mas também com toda a fantástica publicidade que havia feito do trabalho de Mesmer.
Court de Gébelin é mais conhecido por sua obra principal, intitulada Le Monde primitif analyse et compare avec le monde moderne (O Mundo Primitivo Analisado e Comparado com o Mundo Moderno), publicado em nove volumes entre 1773 e 1782.
Esta obra foi fortemente influenciada pelo Neoplatonismo, e seu objetivo era reviver o mundo antigo e sua harmonia perdida através da redescoberta da linguagem original e perfeita. Court de Gébelin afirma que esta linguagem perdida, na qual os sinais e as coisas possuem uma relação absolutamente perfeita, poderia ser desvelada através da pesquisa das raízes comuns a todas as linguagem antigas e modernas.
Sua aventura filológica se fundamenta no ato de decifrar as tradições antigas, vistas como alegorias. Desta forma, Court de Gébelin interpreta mitos no primeiro volume, calendários e rituais no quarto volume, e o Tarô no oitavo volume. Para sustentar suas interpretações, apóia seus argumentos nas obras dos Padres da Igreja, na literatura hermética e em seu conhecimento sobre a Cabala.
Court de Gébelin tentou estabelecer uma ligação entre a sabedoria antiga e a moderna, bem como entre o conhecimento acadêmico e o esotérico. É um dos principais responsáveis pelo profundo interesse nos Mistérios Egípcios. Na obra O Mundo Primitivo, apresenta o Tarô como um jogo egípcio, no qual é possível encontrar suas idéias religiosas, civis e políticas. Além disso, Court de Gébelin se refere ao Tarô como um instrumento egípcio usado com propósitos divinatórios.
A partir desta referência, difundiu-se a teoria da origem egípcia do Tarô, que mais tarde foi sustentada por Etteila, o famoso cartomante francês, bem como por grandes ocultistas, da magnitude de Eliphas Levi, Papus e Samael Aun Weor.
Trabalho interessante de biografia, Giordano,
si tratando di uma figura famosa dos anais do ocultismo renascentista.Si me der licença para divergir um pouco…
As obras dos autores “Iluministas” são influenciadas por escritos da Grécia antiga, disso, não temos dúvidas, porém jamais devemos esquecer o lado subconsciente das mesmas obras… na minha opinião esses filósofos e ocultistas estavam tentando ao ínves de proclamar as idéias de liberdade grega ou egípcia, na verdade abafar a filosofia medieval que é por vezes superior em seus valores espirituais… Se lermos os trabalhos de Santo Agostinho percebemos de cara que ele trabalha intensamente com os escritos de Aristóteles que eram conservados pela Igreja na época, ele o cita em diversas passagens porém sempre conservando os valores de sua própria consciência durante o processo. Sem fanatismos. Mas quando lemos escritos “Renascentistas” percebemos como os autores em geral si apropriam das palavras traduzidas para seu proveito próprio, traduções mal feitas que perverteram os valores de liberdade i outros herdados de Homero, Hesíodo, Platão, Virgílio de Mântua… lembrando do último acredito que o único a conservar e potencializar os valores medievais foi Dante, o poeta Florentino, q assim como Orfeu desceu ao Hades.Essa é minha opinião acerca da maioria das obras Renascentistas, bonitas por fora, perdidas por dentro.
Um Abraço.
Douglas,
Muito obrigado pelo seu comentário.
Mas sejamos honestos. Muito embora todas as especulações intelectuais sejam importantes no âmbito acadêmico, sendo gnósticos nós nos interessamos pelo esoterismo das obras renascentistas. Não cremos em simplificações racionais, como esta que você nos traz.
Abraços Fraternos!
Paz Inverencial!
Qual a referência bibliográfica usada? Importante que se coloque as referências. Agradecido
Olá Carlos,
Muito obrigado pelo seu comentário.
Estes textos são enciclopédicos e não foi prevista a inserção de referências bibliográficas.
Abraços Fraternos!
Paz Inverencial!