O Colapso Social e Ecológico da Civilização Moderna

Não são poucos os sinais de que a civilização moderna está passando por uma verdadeira tempestade de problemas sociais e ecológicos. De acordo com os vencedores do prêmio Blue Planet, que reconhece os esforços significativos na pesquisa científica e suas aplicações que contribuem para resolver problemas ambientais, o abuso do meio ambiente e dos seres humanos uns pelos outros acabou criando uma emergência absolutamente sem precedentes.

O prêmio Blue Planet é considerado o equivalente do prêmio Nobel para o meio ambiente. O grupo de vencedores é composto por um grupo de cientistas, pensadores e pesquisadores, os quais alertam que esta situação emergencial nunca antes vista se deve ao excesso populacional, ao consumismo e às tecnologias que danificam o meio ambiente.

Para eles, a sociedade não tem outra opção senão adotar uma ação dramática para evitar o colapso da civilização. Não estivesse partindo da comunidade científica, o cenário futuro apresentado seria bastante semelhante ao de algum profeta apocalíptico.

O discurso é bastante impactante, e o alerta dos cientistas se resume numa escolha que deve ser feita entre mudar os costumes que fundamentam estes problemas e construir uma sociedade global completamente nova, ou esperar que estes costumes sejam mudados por nós pelas catástrofes que certamente ocorrerão.

O trabalho premiado será apresentado na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio +20 em junho de 2012. Além de avisos alarmantes sobre a redução na biodiversidade e as mudanças climáticas, o grupo apresenta aos governos o desafio de pensar de uma forma diferente sobre o progresso econômico.

Segundo os cientistas, a situação biofísica que rapidamente se deteriora é mais do que ruim, já que a sociedade global se recusa a reconhecer este fato em virtude na crença irracional de que as economias podem crescer indefinidamente apesar da terrível constatação de que os ricos nos países desenvolvidos ficam cada vez mais ricos e os pobres são deixados para trás.

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O mito do crescimento perpétuo promove a ideia equivocada de que o crescimento econômico indiscriminado é a cura para todos os problemas mundiais, ao mesmo tempo em que ele é na verdade a própria causa das atuais práticas globais insustentáveis.

O grupo alerta para o excesso de dependência nos mercados, e insiste para que os políticos levem em consideração a forma como as comunidades mais pobres enxergam os problemas de energia, água e comida como elementos interdependentes e integrados como parte de um ecossistema vivo.

A resposta mais eficaz proposta para o longo prazo exige a descentralização das tecnologias, onde a sua propriedade, o seu controle e o seu gerenciamento estejam nas mãos das próprias comunidades, e não dependentes de profissionais especializados que não pertençam a elas. Além disso, é preciso trazer as comunidades mais pobres e isoladas para a interação com a comunidade científica e política.

Acima de tudo, é importante enfrentar os problemas da pobreza e das mudanças climáticas através de uma abordagem menos técnica e mais social. A transição para um futuro mais sustentável requer que o sistema econômico seja redesenhado, que ocorra uma nova revolução tecnológica e uma mudança de comportamento.

O pior dos equívocos seria adiar a tomada de decisões. Se a comunidade mundial agir com firmeza e a ciência estiver errada, ainda assim haverá novas tecnologias, maior eficiência e mais florestas. Mas se a comunidade mundial falhar, atrasando a tomada de decisões, e a ciência estiver certa, então a humanidade está em uma grande enrascada da qual será muito difícil sair.