O Presépio de Natal e a Dialética da Consciência
Todos sabemos que as comemorações de Natal existem para celebrar o acontecimento do nascimento de Cristo. Mas em meio a todos estes valores de consumo, descanso e reunião familiar, este evento tão importante se converte em uma vaga lembrança, e sua mensagem fica diluída nas mentes e corações humanos.
Felizmente, existe um recurso do qual podemos fazer uso para estar conectados com a mensagem do Salvador do Mundo mesmo estando expostos aos apelos da visão moderna do Natal. Nossas consciências são dotadas de uma dialética transcendente, capaz de nos colocar em contato com os princípios gnósticos universais encerrados nos mitos e nas alegorias natalinas.
Diferente da dialética racional, que contrapõe conceitos para dar origem a uma síntese intelectual, a consciência, como instrumento de conhecimento do Espírito, uma vez confrontada com representações e figuras externas, recorda-se que tais elementos possuem preciosa correspondência com aspectos da Sabedoria do Ser, gerando como síntese uma Gnosis que nos coloca novamente em contato íntimo com esta mesma Sabedoria.
Esta intimidade cognitiva transcendental possui valor inestimável para nosso avanço espiritual. Através dela enxergamos a realidade última por entre o véu das formas materiais. Esta contemplação é livre de julgamentos e classificações conceituais, e corresponde ao ato de viver livremente a Sabedoria e o Amor divinos, algo completamente independente da perspectiva limitada e limitante que ordinariamente aprisiona a alma humana na subjetividade e na inconsciência.
O Natal é um evento perfeito para que a consciência utilize este recurso dialético. Existe uma profusão incomparável de simbologias às quais permanecemos expostos durante um bom tempo. Ao nosso redor, abundam exemplares da Árvore de Natal e circulam por todos os lados pessoas vestidas de Papai Noel. A exposição é constante e a oportunidade de crescimento espiritual se apresenta a todo momento.
Nesta época, encontramos também em muitos lugares o Presépio de Natal. Pinturas e modelos são feitos para representar o evento da natividade do Cristo, inevitavelmente trazendo consigo os diversos elementos citados nos evangelhos de Mateus e Lucas, num costume popularizado há quase oito séculos pelo místico cristão Francisco de Assis.
Contam as tradições que Francisco foi o primeiro a idealizar e a realizar a construção um presépio, com o objetivo principal de instruir as pessoas mais simples a respeito dos ensinamentos fundamentais do Cristianismo. Numa época em que o materialismo e a troca de presentes já se sobrepunham à doutrina do Cristo, o resgate da imagem do nascimento do Cristo cumpriu um papel pedagógico de grande importância. Reconhecido por autoridades eclesiásticas e imperiais, o presépio se tornou um dos elementos indispensáveis para as comemorações natalinas.
Sua ideia teria surgido de uma viagem que fizera à Jerusalém, onde tivera a oportunidade de conhecer o local tradicional do nascimento do menino Jesus. Francisco sabia que a essência religiosa do Cristianismo deveria se sobrepor às disputas dogmáticas, e foi sua fé nesta verdade o que o levou a desafiar os eruditos muçulmanos e a conquistar um espaço entre eles para difundir os ensinamentos do Cristo.
É somente através da dialética da consciência que o ser humano é capaz de reconhecer a unidade das religiões, mesmo por trás de sua pluralidade simbólica e de sua diversidade alegórica. Seguindo os ensinamentos práticos de Francisco de Assis, que preferiu a síntese de sua fé aos complicados debates teológicos, podemos aproveitar as festividades de Natal para cultivar a Gnosis viva em nossas consciências.
Artigo oportuno, aconselho a ler o livro magnífico de Futhjof Shuon, ” A Unidade Transcendente das Religiões”, verdadeira compilação metafísica e gnóstica que qualquer gnóstico deverá ter entre as suas principais obras espirituais!
Olá Paulo,
Excelente sugestão. É realmente uma leitura indispensável para a compreensão da filosofia perene e universal.
Na década de setenta começava acontecer no mundo se dizia que as pessoas começaram a usar uma coisa chamada “mecanismo de fuga”: cansados da perseguição da igreja católica queriam extravasar.
Hoje aprimoramos este mecanismo que se tornou nosso modo de vida à nossa falta de coragem para trabalhar sobre nos mesmo justificamos a nossa vida e as suas formas de realismo.
As pessoas daquela década diziam que precisavam de sexo, vinhos, drogas, risos para se esconderem por trás de uma carência de verdades interiores e sufocados pelas normas social.
As atrizes dos filmes traduziam com perfeição as fantasias que se estendem e se aprimoram até os dias de hoje na televisão e nos cinemas.
Os estúdios de Hollywood podiam criar as fantasias das pessoas e as levá-las ao mundo que eles não podiam viver na vida real Isto criou uma síndrome coletiva que se estende ate os dias de hoje.
Nesta época até a década de setenta parecia que o mundo estava recebendo uma rajada de forças “muito sutis”.
“Se fez que todos pequenos e grandes,ricos e pobres livres e escravos, lhe seja posto um sinal na sua mão direita,ou na sua testa” (Apocalipse 13: 16) aqui é uma passagem do Apocalipse que nos mostra que algo acontece por trás de nossa percepção comum e corrente.
A eliminação do ego é um dos principais fatores para promover uma transformação verdadeira dentro de nós.
assim como a semente, que ao ser colocada ao solo primeiro precisa secar e morrer para que de dentro dela brote uma nova vida, assim somos nós também.
Destaco os belos e qualitativos temas abordados, dentro da visão espiritual e teosófica, os quais manifestam características atuais e abrangentes. Parabéns !
Olá Eden,
Agradeço pelas palavras :)
Abraços!