Uma Máquina do Tempo no Vaticano
No interior da Universidade Católica del Sacro Cuore, em Milão, dois amigos realizam trabalhos técnicos de áudio sobre gravações antigas de cantos gregorianos. Um deles é o fraciscano Agostino Gemelli, fundador da própria Universidade, além de médico e psicólogo. O outro é o beneditino Marcello Pellegrino Ernetti, importante acadêmico nas áreas da música e da linguística.
Naquele dia, em meio aos cantos reproduzidos pelos equipamentos de áudio, Ernetti e Gemelli foram surpreendidos pela voz do falecido pai de Gemelli, que falava com eles através dos instrumentos. A surpresa logo deu lugar à curiosidade, e foi a partir de então que Ernetti passou a questionar qual seria o destino dos sons e das formas que a natureza produz. Estariam perdidos para sempre, ou continuariam a existir de alguma forma?
Motivado por estas questões, Ernetti reuniu em sigilo uma equipe de renomados cientistas, entre os quais se encontrava Enrico Fermi, prêmio Nobel em Física, e deu início ao trabalho de construção de uma espécie de máquina do tempo. Seu invento se chamaria Cronovisor, que ao invés de transportar as pessoas para o passado ou o futuro, reunia e organizava sons e luzes dispersos no ambiente, dando forma em uma tela à eventos do passado, nada muito diferente do que fazem hoje os modernos telescópios.
Através da tela do Cronovisor, o padre Ernetti teria assistido à morte de Jesus Cristo na cruz, bem como à realização em Roma, no ano 169 a.C, de uma peça de teatro intitulada Thyestes, escrita por Quintus Ennius, o pai da poesia latina, e dada como perdida nos dias atuais. Ernetti e seus colaboradores, em plena transição entre as décadas de 50 e 60, estavam diante de um instrumento que poderia revolucionar a forma como hoje entendemos a cadeia de eventos da história.
Uma vez tendo visto a morte de Jesus, não foi difícil para Ernetti desenhar a face do divino Rabi em plenos instantes de sofrimento. No entanto, difícil foi suportar o furor gerado em torno da divulgação desta imagem pela mídia italiana no ano de 1972. Não tardou para que fosse sugerida a fraude, cujo indício seria uma imagem similar encontrada em um crucifixo em Perugia.
No entanto, em 1994, décadas após a construção do Cronovisor, foi convocada uma reunião nos salões do Vaticano. Ali estiveram presentes a mais alta hierarquia papal, o padre Ernetti e os últimos cientistas ainda vivos que haviam trabalhado na construção do aparelho, para ouvir e acatar a ordem de desmontar definitivamente a máquina do tempo, e espalhar suas partes em diversas localidades secretas para que, num futuro, fosse novamente montada e utilizada para fins elevados.
Em 1997 foi lançado o livro Dein Schicksal ist vorherbestimmt: Pater Ernettis Zeitmaschine und das Geheimnis der Akasha-Chronik (Seu Destino está Decidido: A Máquina do Tempo do Padre Ernetti e o Mistério dos Registros Akáshicos), do autor Peter Krassa, discípulo do cientista Erich von Däniken. Nesta obra Krassa explora e sustenta a veracidade dos acontecimentos que envolvem o Cronovisor.
O ecletismo se tornou a marca do padre Ernetti. Como músico, desenvolveu seus estudos em torno das manifestações musicais pré-Cristãs. Seu projeto do Cronovisor o levou ao estudo da física quântica. Suas experiências como exorcista foram reunidas em um livro de sua autoria, intitulado Os Gostos e os Desgostos do Diabo. Ernetti é até hoje o exorcista mais famoso da região de Veneza, onde morreu em abril de 1994.
O interesse do homem reviver com os olhos do presente as mais intrincadas situações do passado, leva-o a editar livros com títulos bastante duvidosos, a fabricar utensílios de resultados eventualmente falseados ou a produzir métodos de pesquisa cuja veracidade deixa muito a desejar, para não falar da encapotada perversidade das suas aplicações tendo em vista a manipulação das consciências mais incautas, sujeitas que estão à subtileza dos processos ardilosos dos vendedores de imagens, descaradamente divorciadas do sentimento que vai no íntimo dos seus promotores.
Assim acontece em muitos grupos, não que o Vaticano tenha alguma responsabilidade neste assunto, mas tudo o que rodeia este tipo de acontecimentos é extrapolado através de interpretações ou análises fantasiosas, desencadeadas por elementos pouco idóneos nos propósitos que evocam e na identidade espiritual que proclamam, desvirtuando, pela sua intrínseca conduta, o verdadeiro sentido transcendente do que noticiam, apesar de se identificarem com o carimbo de uma espiritualidade que a alguns vai parecendo legítima mas que na prática se vai revelando muito dúvidosa.
Mais do que recordar o que se passou, necessário se torna que se viva na íntegra o que se apregoa, Deus agradece e Cristo se cristifica nestes tempos tão conturbados de orientação espiritual.
Paulo Sérgio
O estudo do passado é imprescindível tanto para o avanço material quanto para o espiritual. Tal afirmação pode ser avaliada de diversas maneiras, sendo evidente que a consideração a respeito do passado corresponde a um entendimento mais perfeito do futuro, como avisa o provérbio chinês.
Mesmo no esoterismo gnóstico, quando levado à prática, jamais poderia descartar a importância do passado. Esta importância, contudo, não pode ser traduzida em apego ou resultar em estagnação.
Pelo contrário, o trabalho de compreensão do ego, inegavelmente fundamentado no estudo consciente dos resíduos que o passado deixou em nosso psiquismo, significa um mergulho nas profundezas da memória. Esta submersão é motivada exclusivamente pela necessidade de transcendência dos elementos que conduzem, segundo a lei do karma ou da recorrência, à repetição dos mesmos erros que se perdem no tempo.
O sentido da clarividência é um meio de acessar os eventos do passado. Aliás, e como já foi afirmado, o próprio passado é um dos objetos de estudo da consciência desperta. Assim sendo, jamais poderíamos desprezar este olhar para trás, pois constitui a base sobre a qual se apóia o avanço espiritual.
Ninguém poderia se opor da mesma maneira à investigação do ontem através de meios científicos. E mesmo se estas investigações não deixam evidências em número satisfatório para a mente racional e empírica, não creio ser uma atitude equilibrada desprezar os esforços e os resultados apresentados pelos autores mencionados no artigo.
Argumentar que a manipulação subjetiva de tais resultados seja motivo suficiente para menosprezá-los corresponde a uma consideração superficial de um princípio que conduz à Sabedoria do Ser. Não é demais pensar que tal consideração esteja pautada por um receio de se localizar na marginalidade do decadente espírito moderno materialista.
Buenas!!!
Maravilhoso o artigo!!!
Fico imaginando, o quanto de segredos e conhecimentos históricos e científicos, nos são escondidos por simples interesse de poucos. Onde estaríamos todos, em que patamar de evolução estaríamos.
Abraços