Wabi Sabi, a Arte da Imperfeição
Perceber a beleza que se esconde nas imperfeições do mundo é uma arte. Os tapetes persas sempre ostentam um pequeno erro, um minúsculo defeito, com o objetivo de lembrar a quem olha de que só Deus é perfeito. Assim é a condição humana, e a Arte da Imperfeição começa quando aprendemos a reconhecê-la e aceitá-la.
Wabi Sabi é a expressão que os japoneses inventaram para definir a beleza que mora nas coisas imperfeitas e incompletas. Trata-se de uma visão compreensiva do mundo, um sentido estético centrado na aceitação da impermanência, sendo descrita como uma noção de beleza imperfeita e incompleta.
Seu princípio é derivado do ensinamento budista conhecido como as Três Marcas da Existência, as quais são a impermanência, o sofrimento e a ausência de uma natureza essencial.
As palavras wabi e sabi não são fáceis de traduzir. Wabi originalmente se refere à solidão da vida selvagem, afastada da sociedade; Sabi significava algo como vazio. Com o passar do tempo estes significados passaram a adquirir uma conotação mais positiva.
Atualmente, Wabi significa simplicidade rústica, fresca ou silenciosa, podendo também ser entendida como elegância. Ela pode se referir ainda às anomalias que surgem durante o processo de construção, que conferem originalidade a um objeto. Sabi significa a beleza e a serenidade que vêm com o tempo, quando a vida do objeto e sua impermanência ficam estampadas em seu revestimento ou reparos visíveis.
Conta-se que, no século XV, um jovem chamado Rikyu queria aprender os complicados rituais da Cerimônia do Chá e procurou o grande mestre Takeno Joo. Para poder aceitar o rapaz era necessário submetê-lo a um teste. Então, o mestre mandou que ele varresse o jardim. Rikyu limpou o jardim até que não restasse nem uma pequena folha fora do lugar.
Ao terminar, o jovem examinou cuidadosamente cada centímetro da areia do impecável jardim; cada pedra estava em seu lugar e todas as plantas estavam perfeitamente ajeitadas. Porém, antes de apresentar o resultado ao mestre, Rikyu chacoalhou o tronco de uma cerejeira e fez caírem algumas flores que se espalharam displicentes pelo chão.
Mestre Joo, impressionado, admitiu o jovem no seu mosteiro. Rikyu tornou-se um grande Mestre do Chá e desde então é reverenciado como aquele que entendeu a essência do conceito de wabi sabi: a arte da imperfeição.
Os mestres japoneses, com a cultura inspirada nos ensinamentos do taoísmo e do zen budismo perceberam que a ação humana sobre o mundo deve ser tão delicada que não impeça a verdadeira natureza das coisas de se revelar. E a natureza das coisas é percorrer seu ciclo de nascimento, deslumbramento e morte. Não há porque esconder que elas são efêmeras e frágeis.
Eles perceberam a beleza e elegância que existe em tudo que é tocado pelo carinho do tempo: uma velha tigela de chá, o musgo cobrindo as pedras do caminho, a toalha amarelada, uma única rosa solta no vaso, a maçaneta da porta manchada pelas mãos que a tocaram.
O arte do Wabi Sabi é inseparável dos ensinamentos do taoísmo e do zen-budismo. Todas as coisas são impermanentes… Todas as coisas são imperfeitas… Todas as coisas são incompletas… A beleza pode estar escondida na feiura e a grandeza existe nos detalhes despercebidos. A Arte da Imperfeição consiste em focar no intrínseco, no irregular, no despretensioso, no turvo, no envelhecido, ou seja, na simplicidade.
Gostei muito desse artigo Giordano.
Ele reflete muito minha alma em busca da perfeição do meu espírito.
Os seres humanos são imperfeitos por natureza e perfeitos por herança divina.
Imperfeitamente perfeito!
Oi Nousvate,
Gostei desta frase :)
“Os seres humanos são imperfeitos por natureza e perfeitos por herança divina.”
Abraços!
muito bom e sensivel seu texto!