As 10 Mulheres Budistas que Você Deveria Conhecer
O Budismo que é praticado no Ocidente nos dias de hoje chegou até nós principalmente através de instrutores homens. Já as instrutoras mulheres da doutrina budista, mesmo que sempre tenham feito parte da história da transmissão da sabedoria e da compaixão de Buda, dificilmente são reconhecidas, e até mesmo incluídas nos registros históricos.
Elas são tão talentosas e compreensivas quanto os instrutores mais famosos, mas razões culturais as relegaram a um segundo plano. Ainda nos dias de hoje, quando as mulheres alcançaram definitivamente o reconhecimento de suas capacidades em todas as atividades humanas, as instrutoras budistas da Ásia são menos valorizadas, menos respeitadas e recebem apoio financeiro inferior àquele oferecido aos homens.
Contudo, no Ocidente as mestras budistas já possuem o mesmo tratamento que os mestres, e mesmo nas linhagens onde a aceitação do papel feminino é mais lenta, esta situação vem se alterando gradualmente. E ainda que sua humildade muitas vezes não as deixem aceitar o título de mestras (já que verdadeiro mestre é o Buda), apresentamos hoje uma lista com as 10 mulheres budistas que você deveria conhecer.
10. Mahapajapati Gotami
Mahapajapati Gotami foi a fundadora da Ordem das Monjas. Ela foi a mãe adotiva de Buda, bem como sua tia, já que era irmã de Mahamaya, a mãe de Sidarta Gautama. O rei Suddodhana casou-se com as duas irmãs, a mais velha Maya e a mais jovem Gotami. Quando a rainha Maya morreu no sétimo dia do nascimento do príncipe Sidarta, sua irmã Gotami se tornou a rainha e a sua mãe adotiva.
Ela se sentiu muito mal e solitária quando o príncipe Sidarta, seu filho Rahula e seu próprio filho Nanda tornaram-se monges e renunciaram à vida material por uma vida espiritualmente elevada. O próprio rei Suddhodana já tinha morrido após ter alcançado o grau de Arahat, e a ordenação se tornou uma ideia muito importante para ela.
Então, Gotami se aproximou de Buda em sua visita à Kapilavathu e pediu à ele permissão para formar a Ordem das Monjas. Buda, no entanto, recusou seu pedido por três vezes. Muito abatida, ela resolveu retornar ao seu lar. Logo, cerca de 500 mulheres se reuniram em torno dela, já que elas também sentiam a necessidade da ordenação.
Mais tarde, ela decidiu realizar uma peregrinação em penitência, ao que foi seguida pelas 500 mulheres. Todas sofreram muito, o que fez com que Buda finalmente aceitasse ordená-la, estando Mahapajapati com 120 anos de idade, mas sem sinais aparentes de envelhecimento. Em seu funeral, Buda declarou que Mahapajapati fora uma das mais elevadas Arhats entre seus discípulos.
9. Nancy Wilson Ross
Nancy Wilson nasceu em Olympia, a capital do estado norte-americano de Washington, em 1901. Três anos após se formar na Universidade do Oregon, em 1924, ela casou-se com Charles W. Ross. Em 1942 ela casou-se novamente com o editor e dramaturgo Stanley Young .
Já em 1924 ela publicava novelas que ilustravam a experiência e o desenvolvimento do autoconhecimento, bem como o crescimento espiritual de seus personagens. Depois de muitos anos de interesse nas religiões e artes da Ásia, seus últimos três livros introduziram o Budismo aos leitores ocidentais.
Ross fez parte da diretoria da Sociedade da Ásia desde a sua fundação por John D. Rockefeller III em 1956 até 1985. Ela participava de muitos círculos de amizade, entre eles de acadêmicos, de artistas, dançarinos e atores, e de intelectuais nova-iorquinos.
Após a morte de seu marido Stanley Young em 1975, Nancy Wilson Ross envolvou-se ainda mais profundamente com o Budismo. Durante os últimos dez anos de sua vida, um dos membros do centro zen de São Francisco compartilhou com Nancy a sua casa e ajudou-a a organizar seus escritos. Ela faleceu no estado norte-americano da Flórida, em 1986.
8. Monja Coen Sensei
Nascida em 1947, como nome de Cláudia Dias Baptista de Souza, a Monja Coen Sensei é uma monja zen budista brasileira e missionária oficial da tradição Soto Shu com sede no Japão. Ela também é a Primaz Fundadora da Comunidade Zen Budista criada em 2001 com sede em Pacaembu, São Paulo.
Seu pai era filho de portugueses e sua mãe oriunda de família paulista de grandes proprietários de terra. Monja Coen é prima de Sérgio Dias, mais conhecido por seu trabalho com a banda Mutantes.
Sua educação religiosa começou no cristianismo, mas em 1983 ela passou a se dedicar aos estudos no centro zen de Los Angeles, de onde pouco tempo depois partiu para o Japão, para lá se converter ao budismo no Convento Zen Budista de Nagoia. Antes de ser religiosa foi repórter em diversos jornais do Brasil.
Monja Coen retornou ao Brasil em 1995, e passou a coordenar as atividades no Templo Busshinji, tornando-se a primeira mulher e a primeira monja de descendência não-japonesa a assumir a Presidência da Federação das Seitas Budistas do Brasil. Ela é conhecida por fazer palestras, participar de reuniões e diálogos inter-religiosos e promover a Caminhada Zen em parques públicos, projeto com objetivos ambientais e de paz.
7. Alexandra David-Néel
Alexandra David-Néel, pseudônimo de Louise Eugénie Alexandrine Marie David, nasceu em Paris em 1868, e foi uma famosa escritora espiritualista, budista, anarquista, reformadora religiosa e exploradora francesa. Seus ensinamentos influenciaram os escritores Jack Kerouac e Allen Ginsberg, além do filósofo Alan Watts.
Um de seus maiores feitos foi ter viajado durante quatorze anos por todo o Tibete, tendo sido reconhecida como a primeira mulher europeia a ser consagrada Lama. Em suas viagens aprendeu as técnicas do tumo, que promove o aquecimento corporal por meio da meditação, e da criação de tulpas, criaturas imaginárias que, segundo os monges budistas, chegariam quase a se materializar no mundo real.
Nos anos de 1890 e 1891 ela viajou pela Índia, retornando apenas quando ficou sem dinheiro. Em 1911, viajou novamente à Índia para continuar seus estudos budistas. Ela foi convidada para o monastério real de Siquim, nos Himalaias, onde se tornou a confidente e conselheira espiritual do príncipe Sidkeong.
Ela ainda encontrou-se com o 13° Dalai Lama duas vezes em 1912, e pode fazer à ele muitas perguntas sobre a doutrina budista, algo inusitado para uma mulher europeia naquele tempo. Entre 1914 e 1916 Néel viveu em uma caverna em Siquim junto com Aphur Yongden, um jovem monge que se tornou seu companheiro de viagens por toda a vida.
Engajada em seu desenvolvimento espiritual, Néel ainda viajou ao Japão e retornou ao Tibete, para voltar à França em 1946. Ali ela continuou a estudar e a escrever até completar 101 anos de idade. De acordo com sua última vontade, suas cinzas e as de Yongden foram misturadas e atiradas ao rio Ganges em 1973 em Varanasi, por sua amiga Marie-Madeleine Peyronnet.
6. Pema Chödrön
Pema Chödrön, nascida em 1936 como Deirdre Blomfield-Brown, é uma das mais notáveis figuras norte-americanas no Budismo Tibetano. Monja ordenada e escritora prolífica, ela é discípula de Chögyam Trungpa Rinpoche, e também professora na linhagem do Budismo Shambala, fundado por Trungpa.
Sua vida de instrutora budista é bastante agitada. Ela conduz encontros, seminários e retiros de meditação por toda a Europa, na Austrália, e através da América do Norte. Ela vive na Abadia Gampo, um monastério canadense, onde também ensina a doutrina budista.
Após seu segundo divórcio, Chödrön passou a estudar com o Lama Chime Rinpoche nos alpes franceses. Ela se tornou monja budista em 1974 enquanto estudava com ele em Londres. Sua ordenação como monja está relacionada às linhagens Mulasarvastivadin e Dharmaguptaka.
Um de seus trabalhos consiste no restabelecimento da ordenação completa para monjas na ordem Mulasarvastivadin, à qual tradicionalmente pertence todo o monasticismo budista tibetano. Pema Chödrön é membra do Comitê de Monjas Ocidentais, formado em 2005. Um tema central em seus ensinamentos é o shenpa, palavra tibetana para “apego”, o qual ela interpreta como raiva, baixa autoestima ou vícios.
5. Sarah Harding
Sarah Harding é uma Lama e instrutora budista da tradição Shangpa Kagyu do Budismo Tibetano. Desde o ano de 1972 ela foi estudante e tradutora de Khyabje Kalu Rinpoche, um dos primeiros professores tibetanos a ensinar o Budismo no Ocidente.
Em 1980, sob a orientação de Kalu Rinpoche, Sarah completou seu primeiro retiro tradicional Kagyu para ocidentais com duração de três anos.
Atualmente ela trabalha como professora, tradutora e intérprete. Sarah é professora do Departamento de Estudos Religiosos da Universidade de Naropa, desde 1992. Ela mora em Boulder, no estado norte-americano do Colorado, junto com suas duas filhas.
Seu projeto atual é a tradução de textos budistas tibetanos como membra da Fundação Tsadra. Além disso, Sarah Harding está escrevendo um livro sobre Niguma, uma professora budista que viveu no século XI, e cujos ensinamentos constituem o núcleo da linhagem Shangpa Kagyu.
4. Dorje Pakmo
Dorje Pakmo é a reincarnação da consorte de Heruka, uma das chamadas divindades iradas. Ela é a mais elevada encarnação feminina no Tibete, e a terceira mais alta no ranking da hierarquia lamaísta, logo após o Dalai Lama e o Panchen Lama.
Seu templo, chamado de o lugar da meditação extravagante, é único em muitos sentidos, especialmente pelo fato de metade de seus habitantes ser composta de monges e a outra metade de monjas, enquanto a chefia do monastério sobre todos os seus ramos era, e continua sendo, uma mulher.
A primeira encarnação de Dorje Phagmo, Chokyi Dronma, era uma princesa do reino de Gungthang, no século XV. Ela casou-se com o príncipe de Lato, uma casa real que apoiava as práticas espirituais da tradição Bön. Após a morte de sua única filha, Dronma renunciou a sua família e sua realeza para se tornar budista em 1442.
Nos dias de hoje, as encarnações sucessivas de Dorje Pakmo são tratadas com privilégios reais e, assim como no caso do Dalai Lama e do Panchen Lama, podiam viajar na liteira. Ao contrário das demais monjas, Dorje Pakmo podia usar cabelos compridos, mas não podia nunca dormir deitada; de dia ela podia dormir sentada, e à noite deveria permanecer em posição de meditação. Sua atual encarnação, a 12ª de sua linhagem, ainda vive em Lhasa, onde é conhecida como a Buda Vivente.
3. Thubten Chodron
Thubten Chodron é uma monja budista tibetana norte-americana e uma figura central no restabelecimento da ordenação de mulheres. Ela é aluna do 14° Dalai Lama, de Tsenzhap Serkong Rinpoche, de Thubten Zopa Rinpoche entre outros mestres tibetanos.
Nascida em 1950, Chodron cresceu em uma família de judeus não praticantes em Los Angeles, no estado norte-americano da Califórnia. Ao fazer um curso com o Lama Yeshe e o Lama Zopa Rinpoche em 1975, ela ficou inspirada para estudar e praticar o Budismo Tibetano em um monastério no Nepal.
Em 1977 ela recebeu a ordenação como noviça e em 1986, viajou para Taiwan para receber a ordenação completa como monja. Chodron vem estudando e praticando o Budismo na Índia e no Nepal, e por três anos no Monastério Dorje Pamo, na França.
Ela foi Diretora por dois anos do programa espiritual no Instituto Lama Tzong Khapa na Itália, Professora Residente no Centro Budista Amitabha, em Cingapura, e dez anos como Diretora Espiritual e Professora Residente da Fundação Dharma Friendship, em Seattle. Além disso, Chodron escreveu inúmeros livros e artigos, levando a tradição e a prática budista para uma linguagem acessível ao Ocidente.
Ela é conhecida pelos seus trabalhos de restabelecimento da linhagem monástica feminina, de cultivo do diálogo inter-religioso e de ensino do Darma em prisões. Seus ensinamentos enfatizam a aplicação prática do Budismo na vida cotidiana, e é muito respeitada por fazer tais conceitos serem entendidos pelos ocidentais.
2. Khandro Rinpoche
Khandro Rinpoche é um exemplo muito raro de Lama Budista feminina. Nascida em 1967, em Kalimpong, Índia, Khandro é filha de Mindrolling Trichen, o diretor da mais antiga escola budista, chamada Nyingma. Aos dois anos de idade, ela foi reconhecida como a reincarnação de Khandro Ugyen Tsomo, a Grande Dakini de Tsurphu, uma das mais conhecidas mestras budistas de seu tempo.
Khandro Urgyen Tsomo era a consorte do 15th Gyalwa Karmapa Khakyab Dorje e uma encarnação de Yeshe Tsogyal, ninguém menos que a própria consorte do grande mestre tântrico indiano Padmasambhava. Seu nome, portanto, é na verdade um título, pois Khandro é a palavra tibetana para Dakini, e Rinpoche um título reservado aos Lamas que encarnam voluntariamente, e que significa “aquele que é precioso”.
Ela é professora das escolas Kagyu e Nyingma de Budismo Tibetano. Khandro fala fluentemente o inglês, o tibetano e dialetos hindis, e recebeu educação ocidental na Índia. Desde 1987 ela vem ensinando em vários países da Europa, na América do Norte e na Ásia.
Apesar da posição que ocupa, Khandro não exerce um feminismo à moda ocidental. Ao invés disso, ela convida seus alunos a mergulhar profundamente e desprovidos de egoísmo, nas questões de gênero, de modo a não se tornar um escravo da dualidade masculino e feminino. Desta forma o ser humano é capaz de abraçar seu gênero e agir sem a confusão e o ressentimento típicos no Ocidente.
1. Cheng Yen
Cheng Yen é uma monja budista taiwanesa, professora e filantropa. Sua generosidade a fez ser conhecida como a “Madre Teresa da Ásia”. Em 1966, ela fundou a Fundação Tzu Chi, cujo lema é “instruir o rico e salvar o pobre”. Mais tarde, a Instituição cresceu e hoje atua até mesmo na proteção ambiental.
Quando tinha anda 23 anos de idade, seu pai morreu repentinamente de uma hemorragia no cérebro. Foi na busca por um lugar de sepultamento para seu ele que Cheng Yen entrou em contato pela primeira vez com o Budismo.
Com a morte de seu pai, ela se tornou responsável pela administração do patrimônio da família. Contudo, ao decidir se tornar uma monja, Cheng Yen teve que fugir de casa para o templo, com medo que sua mãe jamais permitisse a sua partida. Em sua primeira tentativa de fuga, sua mãe a encontrou três dias depois e a trouxe para casa.
Em sua segunda tentativa, ela viajou pela porção oriental de Taiwan junto com uma amiga monja, chamada Mestra Xiūdào. Ela seguiu um caminho não-tradicional para se tornar monja, viajando por dois anos com a Mestra Xiūdào. Ela até raspou a cabeça antes mesmo de ser ordenada monja oficialmente.
Hoje, apesar de já ter passado dos 70 anos de idade, ela não diminuir seu ritmo de trabalho. Ela transmite diariamente um programa de 25 minutos onde entrega ensinamentos e fornece inspiração. À noite, mais uma transmissão de 12 minutos. Cheng Yen supervisiona pessoalmente os projetos da Fundação Tzu Chi, fazendo viagens mensais por Taiwan para oferecer suporte aos voluntários.
Muito bom , foi muito legal poder ler um pouco sobre estas monjas ,elas sao um grande exemplo