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O Que Significa a Expressão “Arcano A.Z.F.”? (parte 3)

16 set 2016

O Que Significa a Expressão “Arcano A.Z.F.”? (parte 3)

Após a publicação do texto O Que Significa a Expressão “Arcano A.Z.F.”?, e de sua continuação O Que Significa a Expressão “Arcano A.Z.F.”? (parte 2), avançaremos ainda mais neste tema com o objetivo de desfazer algumas interpretações equivocadas que circulam nos meios gnósticos a este respeito.

Em especial nos referimos aqui de forma direta e sem rodeios àquela interpretação estouvada e sem fundamento coerente que foi apresentada por Teófilo Bustos Garcia – também conhecido por seus seguidores como V.M. Lakhsmi Daimon – no primeiro volume de seu livro intitulado Alquimia, de 1998.

Antes de prosseguirmos, esclarecemos aos leitores que a expressão “V.M. Lakhsmi Daimon” é o nome fantasia adotado pelo líder espiritualista Teófilo Bustos Garcia, um entre muitos dissidentes do Gnosticismo Contemporâneo fundamentado na obra de Samael Aun Weor, tais como Kelium Zeus, Igazan Bindu, Kwen Khan, Michael e outros.

As obras escritas por Teófilo Bustos Garcia, juntamente com a sua mitologia restauracionista, são os elementos que fundamentam o trabalho de muitas organizações que se apresentam ao público identificando-se com a palavra GNOSIS e com a figura de Samael Aun Weor, mas que devido à sua estrutura interna e aos seus princípios de trabalho são na verdade apenas um braço desta dissidência messiânica.

Eis aqui um exemplo, aqui mais um e aqui ainda outro.

Não pretendemos fazer neste momento uma análise histórica pormenorizada ou uma refutação doutrinária completa destas dissidências. Pelo menos não agora. Além disso, contamos com a inteligência do leitor, que saberá compreender claramente os motivos pelos quais nos dedicamos à desfazer esta cambulhada lakhsminiana e não nos tomará como oponentes, mas sim como amigos e irmãos que falam a VERDADE.

Contudo, cabe afirmar antes de prosseguir ao tema deste texto que Teófilo Bustos Garcia, ainda nos anos 1980, aproveitou-se da desorientação organizacional e da desinformação geral daqueles tempos e, utilizando uma falsa carta de sucessão, os ensinamentos gnósticos e a imagem de Samael Aun Weor, criou a sua própria derivação espiritualista e apresentou-se como único e exclusivo continuador (restaurador) do Movimento Gnóstico, alterando os seus princípios originais e introduzindo novos conceitos e práticas que afastam radicalmente o seu movimento da espinha dorsal do Gnosticismo Universal.

Em relação à interpretação por ele oferecida à expressão analisada neste e em nossos dois últimos artigos, Teófilo Bustos Garcia começa apresentando o que chama de “análise cabalística”, e com ela estabelece a premissa fundamental de sua análise: o paralelo entre o acrônimo “A.Z.F.”, a Divina Mãe e o mantra “I.A.O.”

Para sustentar essa ideia ele procura estabelecer a correspondência entre o “A.Z.F.” e o “I.A.O.” ao número 11, que é um dos dois números atribuídos à Divina Mãe nos rituais gnósticos (o outro é 56). E ele o faz utilizando a tabela de relações entre letras e números que foi elaborada pelo argentino Jesus Iglesias Janeiro e pode ser encontrada em sua obra La Cábala de Predición.

Esta tabela é composta por 28 letras (as 26 do alfabeto latino, menos a letra “W” e mais as letras/sons “Ch”, “Lh” e “Nh”). Através dela Teófilo Bustos Garcia atribui os valores “1”, “30” e “7” às letras “A”, “Z” e “F”, e os valores “10”, “1” e “18” às letras “I”, “A” e “O”, em ambos os casos gerando a soma “11”.

Até aí não haveria problema algum nestas relações. Contudo, na tabela de Janeiro que Teófilo Bustos Garcia utiliza para fazer a sua “análise cabalística” a letra “Z” não corresponde ao número 30. Na verdade, o número 30 não existe nesta tabela, que só vai até o número 28. Ou seja, Teófilo Bustos Garcia, vulgo V. M. Lakhsmi Daimon, alterou deliberadamente o valor numérico da letra “Z” (de 28 para 30), de modo a acomodar a sua premissa inicial.

Mais adiante o autor deixa de lado as correspondências numéricas e trata de estabelecer paralelo entre as letras e aspectos do ensinamento gnóstico. À letra “A” ele corresponde “o homem e a mulher unidos mediante a atração” (enquanto Samael Aun Weor corresponde à água e à mulher), à letra “Z” ele corresponde “os quatro pontos cardeais” e “os quatro elementos” (enquanto Samael Aun Weor corresponde à Alquimia Sexual) e à letra “F” ele corresponde de maneira imprecisa os “Fogos Sagrados” (enquanto Samael Aun Weor corresponde ao fogo e ao homem).

Enfim, tanto a análise numerológica como a análise doutrinária se revelam completamente imprecisas. Contêm erros crassos e distorções elementares que só prejudicam o estudante. Além disso, estas análises são totalmente desnecessárias, assim como são desnecessárias a própria doutrina e o mito restauracionista e messiânico de Teófilo Bustos Garcia.

Esperamos muito sinceramente que os estudantes gnósticos que se vejam filiados a esta espécie de dissidência não confundam os ideais, os ensinamentos, as práticas e os princípios gnósticos deixados por Samael Aun Weor com tantas imprecisões, distorções, superficialidades e mentiras. E também esperamos que os responsáveis pelas instituições que se sustentam no MITO do “V. M. Lakhsmi Daimon” e sua Restauração tomem consciência de si mesmos e de suas ações, abandonando a escravidão da crença e o apego institucional para seguirem novos caminhos.

Quem sabe, desta vez, o caminho da iniciação.

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